Depois da greve dos caminhoneiros veio a Copa do Mundo, profusão de feriados, uma economia capenga, inflação voando baixo sobre nossas cabeças, e para deixar tudo mais complicado, ainda teremos uma grande eleição pela frente. Some-se a isso a forte perspectiva de que, independente de quem vença as eleições, tudo caminha para um 2018 difícil.
Um só desses fatores já poderia influenciar no equilíbrio de qualquer empresa. Todos juntos é um sinal forte para quase todo empresário entrar em alerta laranja. Mesmo que as coisas estejam bem, é bem natural e compreensível que o empreendedor tire o pé do acelerador, nem que seja para conseguir ver um panorama mais detalhado da estrada em que está. O problema é que muitos fazendo isso ao mesmo tempo, e pronto: criamos mais um engarrafamento.
O brasileiro tem medo de crise. O empresário, que não costuma contar com a ajuda governamental, mas sabe bem que o governo pode atrapalhar bastante quando quer, é gato escaldado, e prefere não ser pego de calças curtas. Mas toda essa prudência pode vir com um certo custo. O período entre esses grandes eventos é muito longo. Deixar de investir em sua marca por 6 meses, deixando em banho Maria pode ser muito mais perigoso do que benéfico.
É perfeitamente entendível que se prefira cortar grandes produções, grandes eventos, segurar os recursos e garantir que a organização esteja razoavelmente em forma para enfrentar qualquer intempérie. Mas e se os esforços acabarem, por omissão e medo, enfraquecendo a imagem da sua empresa? Desbotando a marca que, durante o tempo de bonança, ficou mais forte e reconhecível, seja pelo investimento que foi feito, seja pela capacidade de vendas aumentada pela economia forte.
A súbita paralisação desse investimento pode ser pior do que nunca tê-lo feito.
O ideal é reorganizar e reescalonar suas metas para tempos de crise. Sai a estratégia de crescimento, e dá lugar a uma nova estratégia, de manter e assegurar seu lugar no mercado. Ou, dependendo do fôlego que sua empresa tem em estoque, uma estratégia de avaliar quais concorrentes estão sentindo mais o baque para ampliar mercado. Aproveitar o período para treinar colaboradores, inclusive a como atuar durante a crise. Injetar ânimo na equipe reforçando o orgulho deles de serem parte do time. São diversas opções.
Duas coisas são certas: não investindo nada, as chances de nada acontecer são grandes. E com isso, a possibilidade do seu barquinho virar. E outra, muito importante: contrate um profissional para te ajudar a pensar nisso tudo.
Nesses momentos é muito comum o empresário achar que, já que ele participou dos processos decisórios sobre design e marca junto com o designer, dá para assumir essa função, mesmo que temporariamente, para economizar. Erro crasso. Dessa forma, é preferível nem fazer nada, a fazer amadorística e porcamente.
Economias podem ser feitas trocando ações mais caras por outras mais contidas. Mas essa economia não precisa ficar explícita em cada peça mal feita que for vista pelo público. Pelo contrário, em períodos incertos, as pessoas preferem se relacionar com marcas sólidas, positivas, que não transparecem o medo do futuro. Não deixe que sua empresa se pareça com uma boia furada que é jogada no meio mar revolto para esse cliente. Ele, como todos os outros, está no meio da mesma tempestade, quer se apoiar em algo seguro e firme.
Sim, prenúncio de crises metem medo em todos. Mas se é inevitável entrar numa briga, melhor fazer alguma musculação antes.